terça-feira, 13 de setembro de 2011


Permaneço


Paradigmas de um contexto único sucumbido por fumaças e devaneios, me vejo contemplada em um universo chamado mundo. Permaneço exausta mais sóbria pela estrada, encolhida no marasmo da civilização. Invisível perante a tormenta do viver, exclusa da realidade, centrada na ficção que sem razão ilustra o meu ser de compaixão.

Vagando desaceleradamente, percebo que o caminho tem me dado várias alternativas que disfarçam o sofrer e maqueiam a face, o corpo calejado, a alma desfigurada e o pranto sujo de rancor. A luz que brilha lá de longe pode ser a salvação mas sinto que nunca chegarei a alcançá-la porque no meu mundo não cabe mais nada além de desilusão.

Ontem quando percebi que o pessimismo havia tomado totalmente conta do meu semblante, tive dó de não parar de doer. Secaram-se todas as minhas lágrimas na estrada amargurada das pedras que me fazem tombar a cada instante. Tive a sensação que algo estava para acontecer, então me agarrei forte na esperança e dela nunca mais desgrudei.

Fui tão convicta em minha devoção que hoje, sem grandes explicações, amanheci coberta daquela luz que eu jamais acreditei alcançar. Descobri que a fé é um atributo essencial em minha história porque me salvou daquela alma doente e sensível às frustrações da vida e é por isso que ainda acredito e consequentemente permaneço.


Juliana Belo Machado

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